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Seu pet tem medo de veterinário? Veja o que fazer

Publicado em 23 de abril de 2023

Tempo de leitura: 5min

O seu pet tem medo de veterinário? Ele odeia ser manipulado nas consultas? Ou até mesmo reage com agressividade?

Gato e veterinário

Para muitos tutores, a simples ideia de levar o pet ao veterinário já gera estresse, justamente por causa do estresse do animal.

Uma pesquisa com 906 tutores de cães realizada pela Universidade de Pisa (Itália) descobriu que a maioria das pessoas relata que seu cão fica estressado em todas as etapas da visita a uma clínica veterinária. Desde estar na sala de espera até ser examinado pelo veterinário.

Essa situação prejudica a todos: o profissional, que não consegue examinar o pet com a tranquilidade necessária; o tutor, que fica nervoso e morre de vergonha com a situação; e o animal, que além de todo o estresse, pode deixar de ter a rotina adequada de visitas ao veterinário e sua saúde prejudicada.

Pois é. Infelizmente, muitos tutores acabam deixando de levar seus pets ao veterinário por causa de todo o estresse. De fato, outro estudo verificou que a maioria dos tutores de gatos não os levavam ao veterinário por causa da péssima experiência nas consultas.

Então, pelo bem de todos, é muito importante trabalhar para reduzir esse medo do seu peludo.

Por que os pets têm medo de veterinário?

Mas primeiro, vamos entender um pouco sobre esse medo que, para muita gente, pode parecer sem fundamento.

Vamos tentar pensar como seu cachorro ou gato. Imagina só: toda vez que ele vai ao veterinário, chega em um local desconhecido, cheio de cheiros e sons que ele não reconhece, animais diferentes…

Depois ele é colocado numa mesa fria, e uma pessoa (muitas vezes desconhecida) começa a tocá-lo. E, na maioria das vezes, tudo isso ainda vez acompanhado de algo desconfortável, como uma coleta de sangue, injeção ou picada de vacina. Não tem como gostar de algo assim, você não acha?

Por mais que a sua comunicação com seu pet seja a melhor do mundo, é impossível explicar que a visita ao veterinário é para o próprio bem dele. Esse é um conceito que eles simplesmente não conseguem entender.

Para os pets, a percepção das coisas é muito mais simples do que a nossa. Se alguma situação ou local incomoda, machuca (mesmo sem querer) ou assusta eles, a chance é grande que queiram fugir na próxima vez.

E o contrário acontece também: uma situação gostosa certamente terá uma boa reação do pet caso aconteça de novo. Só pensar no passeio: eles sempre parecem ansiosos para sair casa, não é?!

Então, como diminuir o medo?

Agora, vem a questão: mas como tirar esse sentimento ruim associado ao veterinário se procedimentos como aplicação de vacina precisam ser feitos?

Por incrível que pareça, é possível treinar os animais para esse tipo de procedimento não incomodar! Ou incomodar muito menos a ponto de não gerar trauma.

A gente chama isso de dessensibilização, ou seja, tirar ou reduzir a sensibilidade de algo. A ideia é apresentar o estímulo que incomoda numa intensidade bem mais baixa para o pet aceitar e, aos poucos, ir aumentando até chegar no real.

Por exemplo: você pode pressionar uma caneta no bumbum do pet para simular a aplicação de uma vacina. Ou deitar o pet no seu colo e simular a colocação de algo na orelha. Ou ainda abraçar o animal de forma mais forte algumas vezes ao dia para ele ir se acostumando à contenção, se for necessária.

Medo de veterinario

E eu recomendo que tudo isso seja acompanhado de petiscos ou comida úmida, porque aí, além de diminuir a sensibilidade do pet, a gente ainda começa a associar com algo muito gostoso. A ideia é que, aos poucos, o sentimento ruim vá dando espaço para o bom.

Além de todos os treinos em casa, outra dica é, sempre que possível, dar uma passada na clínica com o pet, mas sem ser para uma consulta, só de passagem. Lá, você pode oferecer petiscos, brincar com ele, pedir para os funcionários interagirem com ele.

E nos dias reais de consulta, o petisco deve sempre fazer parte dos procedimentos. Para facilitar, eu indico brinquedos que você pode colocar algo pastoso dentro, como o Kong ou o Labirinto, da Pet Games.

Escolher o veterinário certo faz diferença!

Por fim, além de todos os treinos que falei, ainda existe um fator muito importante para minimizar o estresse do pet no veterinário: escolher o profissional e a clínica/hospital certos. Atualmente, já existem várias diretrizes de conselhos internacionais de veterinária com esse propósito, por isso, é importante buscar locais em que elas são levadas em consideração.

Alguns exemplos são: não usar branco; ter mesas emborrachadas e não lisas (ou pelo menos mantinhas para “encapar a mesa”); salas de espera separadas para cães e gatos e com luz reduzida; disponibilizar brinquedos de enriquecimento ambiental (como os com comida dentro ou para roer); tocar música clássica que acalma os pets; uso de feromônios.

Cachorro e veterinário

E, claro, é muito importante que os veterinários entendam o papel do petisco durante a consulta! Aqui no Brasil, o uso de petiscos ainda não é tão comum na prática veterinária como nos EUA e Europa, mas é possível encontrar ótimos profissionais que apoiam essa técnica. Indico todo o corpo clínico do Centro Veterinário Seres!
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha, Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.

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