Cães

Tamanho de cachorro define o comportamento do pet?

Cientificamente falando, não há nada que estabeleça uma relação direta entre tamanho de cachorro e comportamento. Mas até quando tratamos de pessoas, é comum ter generalizações nesse sentido. 

Para os pets, a generalização funciona de forma semelhante, com muita gente acreditando que, quanto menor o cachorro, maiores as chances de ele ter problemas de comportamento. Mas será que para os cães, diferentemente do que ocorre com as pessoas, isso tem um fundo de verdade? Confira mais a respeito.

Comportamento canino: questão de raça, tamanho ou criação?

É sabido que diversos fatores contribuem para o hábito de um cão. Começando pela raça, a Dra. Mariana Sui Sato, médica-veterinária da Petz, explica que existe uma pré-seleção genética do tamanho, da aparência física e do comportamento canino

“Como exemplo, o cão Shih-Tzu, que possui porte pequeno, é um ótimo cão de companhia, com um nível de atividade moderada e baixa agressividade. Por outro lado, o Golden Retriever é um cachorro de porte grande, e exige atividade elevada, mas também é excelente para crianças, pois não é agressivo”, diz.

A partir daí já é possível concluir que porte de cachorro não define o comportamento. No entanto, a questão vai muito além da raça. Isso porque, além da predisposição genética, a criação também tem um papel muito importante na definição da conduta de um cachorro.

Como exemplo, a Dra. Mariana cita o caso do Rottweiler, que, mesmo com musculatura desenvolvida e cara de bravo, é um cão extremamente dócil quando criado da maneira correta. 

“Este comportamento não seria uma característica clássica da raça, porém, ao criar esses pets em um ambiente que favorece a docilidade, o contato com crianças, onde não há disputa por alimentos e não há estimulação da agressividade, esses cães certamente terão essas características mais desenvolvidas”, diz. 

Da mesma forma, um cachorro de uma raça extremamente dócil também pode se tornar mais agressivo dependendo da criação, e isso independentemente de tamanho do cachorro.

Síndrome do cachorro pequeno

Então, se o tamanho não tem tanta influência, de onde vem a ideia de que cachorro de porte pequeno teria mais problemas de comportamento? De acordo com algumas teorias, isso ocorre não tanto pelo tamanho do cachorro em si, mas por conta da criação, que costuma variar dependendo do porte do cão. 

É a vulgarmente conhecida síndrome do cachorro pequeno, que ocorre quando “há uma hipervinculação do tutor com o cão de estimação”, esclarece a Dra. Mariana.

Em outras palavras, o problema não é o porte do cachorro, e sim a criação que costuma ser dada a ele pelos tutores justamente por ser menor. Para saber se o peludo se enquadra na síndrome, confira abaixo os principais comportamentos associados a ela:

  • Agitação;
  • Ansiedade — incluindo por separação;
  • Agressividade;
  • Comportamento antissocial com outras pessoas e cachorros,
  • Relutância em obedecer comandos.

Vale lembrar que nenhum dos comportamentos citados é “natural” do cachorro com pequeno porte. Por isso, nunca culpe o amigo peludo por eles! Em vez disso, procure identificar quais são suas atitudes que contribuíram e continuam a contribuir para o quadro.

O que fazer para evitar a síndrome?

Mas o que exatamente os tutores costumam fazer, principalmente na criação de cachorros de porte médio e pequeno, para que eles desenvolvam problemas comportamentais? De acordo com a Dra. Mariana, o principal motivo é o excesso de vínculo afetivo, que gera uma dependência emocional. 

Além disso, outros fatores, como excesso de permissividade, mais comum na criação de cães menores, e inconsistência nas regras também contribuem para a síndrome. A seguir, veja algumas dicas para evitar tal problema:

  • Comece o adestramento com comandos desde cedo, usando sempre uma voz clara, tranquila e amigável;
  • Se possível, faça a socialização do cão com pets, crianças e outras pessoas ao longo do crescimento do cachorro;
  • Mesmo que você possa passar o dia inteiro com o cão, o melhor é acostumá-lo a ficar algumas horas sem você — sempre com a ajuda de brinquedos. Assim, ele não vai sofrer tanto quando for preciso se ausentar;
  • Estabeleça regras e seja consistente. O que é permitido uma vez deve ser permitido sempre, e o que não é permitido uma vez não deve ser permitido nunca;
  • Nunca use castigos e agressões físicas para punir o seu amigo,
  • Leve o cão para passear todos os dias e proporcione brinquedos para que ele sempre possa se distrair, gastar energias e espantar o estresse. Os artigos interativos são especialmente recomendados para quando os pets ficam sozinhos.

Lembrando que evitar a dependência emocional não significa não dar carinho, afeto e atenção ao cachorro. Tais elementos são fundamentais na nossa relação com o amigo de quatro patas!

E para aqueles que já possuem um pet com problemas de comportamento, uma dica é buscar a ajuda de um adestrador: “nada melhor que um profissional qualificado para auxiliar o cão e sua família durante esse processo”, recomenda a Dra. Mariana.

Depois de conferir algumas dicas sobre tamanho de cachorro e entender o comportamento de cada um deles, confira o blog da Petz para ter outras dicas sobre bem-estar e saúde pet. 

Petz

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