Leishmaniose canina: uma doença desafiadora
Publicado em 09 de janeiro de 2025Tempo de leitura: 6min

A leishmaniose canina é uma doença grave, transmitida pela picada de mosquito. Alguns protozoários que originam a leishmaniose também podem infectar seres humanos e outros animais, como gatos — apesar de ser mais raro.
A condição é relativamente silenciosa no início e tem sintomas comuns a outras patologias. Entretanto, tende a evoluir para quadros mais graves, podendo, inclusive, levar o paciente à morte. Por isso é importante ficar ligado e saber mais informações sobre a leishmaniose em cães. Confira!
O que é a leishmaniose canina?
A leishmaniose canina — ou calazar em cachorro, como também é conhecida — é uma doença grave e não contagiosa, que afeta cães. A condição é causada por um protozoário do gênero Leishmania. Já foram encontradas mais de 23 espécies, em sua grande maioria capazes de infectar tanto os seres humanos, quanto cães e outros animais. Por isso, é considerada uma zoonose.
Uma vez no organismo do hospedeiro, o agente etiológico se multiplica e começa a atacar as células fagocitárias conhecidas como macrófagos. Elas fazem parte do sistema imunológico e ajudam a proteger o organismo contra microrganismos invasores.
Conforme a localização e o órgão atingido do organismo animal, a doença recebe diferentes nomes. Na leishmaniose visceral canina, por exemplo, são acometidos os órgãos internos e a pele. Já na cutânea, somente a pele é prejudicada.
A leishmaniose é uma doença considerada endêmica em diversos países no mundo, incluindo o Brasil. Atualmente, a maior parte dos casos estão distribuídos no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Entretanto, a condição está presente em todas as regiões do país.
Como ocorre a transmissão da leishmaniose canina?
A transmissão da leishmaniose ocorre através da picada da fêmea de um mosquito da espécie Lutzomyia longipalpis, conhecido popularmente como mosquito palha. Para que ocorra a transmissão, o inseto precisa estar infectado com o protozoário Leishmania.Ou seja, o inseto já deve ter picado outro hospedeiro anteriormente.
O ciclo de vida do Leishmania e a forma de transmissão
Para compreendermos efetivamente a forma como a leishmaniose canina é transmitida, vale a pena entender o ciclo de vida do protozoário. Como dito, para a transmissão ocorrer, o mosquito palha precisa picar um indivíduo infectado, ingerindo a forma de Leishmania chamada amastigota.
A amastigota, por sua vez, transforma-se na forma promastigota no intestino do mosquito, que é a forma infectante. Quando o inseto pica um novo indivíduo saudável, ocorre a transmissão do Leishmania, provocando a doença.
Sintomas de leishmaniose canina
Antes de citar os principais sintomas de leishmaniose canina, saiba que muitos animais são assintomáticos. Isso quer dizer que mesmo que eles sejam portadores da doença, não apresentam sinal algum.
Além disso, a leishmaniose canina pode começar a causar sintomas nos cães em um período que varia de três meses a seis anos. E como os sinais são bem variados, muitas vezes não se desconfia que o animal tenha a doença. Confira alguns sintomas comuns que o pet pode manifestar:
- Falta de apetite;
- Emagrecimento;
- Apatia;
- Febre;
- Sintomas oftalmológicos — como secreção e incômodo;
- Sintomas dermatológicos — como lesões e engrossamento da pele;
- Crescimento excessivo das unhas;
- Aumento dos linfonodos (íngua);
Esses sintomas avançam lentamente, mas podem causar a morte devido a casos de falência dos órgãos, anemia severa, entre outros.
Como é feito o diagnóstico de leishmaniose canina?
Por ser uma doença com sintomas comuns aos de outros quadros, ou mesmo assintomática, a leishmaniose canina é difícil de diagnosticar. Ela representa um desafio para o médico-veterinário, que pode solicitar exames laboratoriais adicionais para confirmar o caso.
Os exames disponíveis para a detecção da doença são os testes sorológicos (ELISA, RIF e DATI), o PCR ou a pesquisa do parasita em lesões de pele, na medula espinhal, no fígado ou nos linfonodos. A escolha varia conforme os sintomas apresentados pelo animal e a fase da doença.
Existe tratamento para leishmaniose canina?
O tratamento da leishmaniose canina sempre foi um tanto polêmico. Por se tratar de uma zoonose grave, até alguns anos atrás, todos os cães diagnosticados com a doença deveriam ser submetidos à eutanásia.
Recorria-se a essa medida drástica porque havia somente uma medicação de uso humano para o tratamento dos animais. Com a alta prescrição pelos médicos-veterinários e o uso indiscriminado do medicamento, o protozoário poderia desenvolver uma resistência ao medicamento. A longo prazo, isso inviabilizaria o tratamento para seres humanos.
Entretanto, essa realidade mudou a partir de 2016. Graças a um remédio de uso exclusivo nos pets, hoje em dia, é possível realizar o tratamento da leishmaniose canina com um medicamento à base de miltefosina. Além dele, o alopurinol e a domperidona auxiliam no tratamento.
Vale ressaltar que a medicação não elimina o protozoário do gênero Leishmania, mas diminui a carga parasitária no organismo do animal. Assim, o remédio ameniza os sintomas e potencial de infecção pelo mosquito palha, reduzindo a chance de transmissão aos seres humanos.
Outros cuidados para os cães portadores de leishmaniose
Mesmo que, hoje em dia, a eutanásia em cães não seja obrigatória, o tutor tem total responsabilidade sobre o tratamento imediato e todos os outros cuidados necessários ao pet com leishmaniose canina. Isso inclui visitas frequentes ao médico-veterinário para acompanhamento da doença.
O tutor também deve se comprometer a utilizar coleira repelente no cão ou outros produtos com essa finalidade recomendados pelo médico-veterinário. Esses itens evitam as picadas do mosquito palha e, consequentemente, a transmissão da doença a outros animais e seres humanos.
Para saber ainda mais sobre a leishmaniose em cães e como prevenir a doença, confira o vídeo da Petz TV sobre o tema:
Resumindo: os repelentes também são a melhor medida de prevenção da leishmaniose canina para os cães não portadores. Eles devem ser utilizados principalmente em áreas de alta incidência da doença. No blog da Petz há outros conteúdos importantes sobre a saúde dos animais. Aproveite para conferir agora mesmo!
Petz
Aqui você encontra tudo sobre o mundo animal e fica por dentro dos cuidados essenciais com o seu pet.
Deixe um comentário