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Seu pet não te dá sossego? Saiba o que fazer

Publicado em 14 de junho de 2024

Tempo de leitura: 6min

Por Alexandre Rossi – Dr Pet

Ser tutor de um pet significa mais do que brincadeiras e diversão, às vezes, você precisa que ele respeite o seu espaço. Por exemplo, já aconteceu de o seu pet implorar por atenção quando você estava concentrado em outra atividade? Ou então de fazer aquela bagunça enquanto você não podia estar com ele? Episódios como esses podem ocorrer em qualquer casa que abrigue um peludo. E aí, o que fazer então? Vou falar sobre isso nesta coluna!

ISSO TAMBÉM É AMOR

Não importa se você tem pouco tempo ou falta de espaço em casa: você pode encontrar saídas em pequenas alterações no ambiente em que o animal fica e no estabelecimento de uma rotina para ele, que precisa ser adequada ao cotidiano da família.

Muitas vezes, a forma de o tutor demonstrar carinho ao pet é criando uma rotina estável e confortável, na qual o cão consiga gastar toda a energia acumulada e se divertir.

Recorrer a essas medidas é fundamental não só para que você ganhe momentos de tranquilidade em casa, mas também para que o cachorro se sinta estimulado e não desenvolva problemas comportamentais ou até mesmo doenças físicas.

Quando eles estão entediados, podem passar a lamber as patas, salivar demais e alguns até se tornam agressivos. Fatores como ficar parado por muito tempo no mesmo lugar, apresentar sonolência constante ou hábitos de pouco movimento indicam que o cão precisa de estímulos.

A agitação também é um sintoma de tédio nos peludos, que pode ser descontado, por exemplo, na destruição de móveis. Outro sinal é quando o tutor quer que o animal faça

algo, mas não consegue direcionar a energia do animal para isso. Como, no momento do treino de comando, o cão se concentra num cachorro latindo lá longe.

ESTABELEÇA HORÁRIOS
Apesar de não terem ideia das horas, os cachorros possuem noção do tempo. Para isso, se baseiam no dia a dia da casa e no próprio comportamento do tutor. Se o tutor costuma sempre chegar em casa no mesmo horário, o cão sabe a hora em que ele chegará instintivamente. Ele pode reconhecer, inclusive, o barulho do carro. Por possuir essa assimilação natural, é fundamental que o tutor aprenda a trabalhar com uma rotina, para que o cão saiba em que ocasiões do dia pode ou não estar com ele.

A rotina é benéfica porque faz com que o relógio biológico do animal se forme. Assim, o pet saberá que terá momentos para brincar, receber carinho e atenção do tutor. Na rotina do pet devem ser incluídos os horários de alimentação e não podem ficar de fora as sessões de brincadeira e afagos, assim como as atividades físicas. Pode-se começar com o básico, determinando dois horários por dia (manhã e noite) para caminhadas longas e no ritmo de exercício. Em seguida, quando o seu animal estiver calmo e tranquilo, parta para os carinhos e brincadeiras.

PERSONALIZE O EXERCÍCIO
A quantidade e a intensidade da atividade física variam de acordo com o porte do seu cachorro. Para um Shih-Tzu, por exemplo, uma volta no quarteirão pode já ser suficiente para o gasto de energia física. Entretanto, um Border Collie necessita de mais do que isso. Ou seja, os exercícios precisam ser personalizados.

Vale lembrar que deve ser evitada a prática no sol forte, assim como imediatamente após as refeições, o que aumentaria as chances de torção gástrica. Evite também atividades intensas nos dias mais quentes ou secos. Especialmente com cães braquicefálicos, os de focinho curto, como Pug e Buldogue, deve-se ter esse cuidado. Devido às vias respiratórias mais curtas, cachorros com essa característica possuem maior tendência à hipertermia, que é o aumento da temperatura do corpo do animal. Portanto, prefira as horas do dia com luminosidade mais amena para se exercitar com o peludo e esteja sempre atento ao limite do pet.

Dois cachorros deitados no chão.

O AMBIENTE AJUDA
Além de criar uma rotina, investir em acessórios e pequenas mudanças no espaço em que o cachorro fica é muito importante para ajudá-lo a se manter estimulado e ocupado enquanto você não pode estar com ele. A isso é dado o nome de enriquecimento ambiental. Enriquecer o ambiente é promover estímulos físicos e desafios mentais para o cachorro, oferecendo condições para ele expressar comportamentos naturais à espécie.

Você pode usar elementos simples e que não demandam muito espaço na casa ou no apartamento. Pode ser uma caixa de papelão para o cachorro se esconder, uma garrafa plástica com comida dentro ou até mesmo um coco verde para ser destruído. Os elementos de enriquecimento ambiental podem ser originais, simples, criativos e de fácil interação, sem requerer necessariamente amplos espaços.

Vale lembrar que os itens para deixar o cão entretido durante a sua ausência devem ser diferentes daqueles que você usa para interagir com o peludo. Os brinquedos de interação como bolinhas não devem ser deixados à vontade para o cachorro, pois, além de o cão ficar pedindo para o tutor brincar, eles perdem o valor na hora de interagir. E, antes de oferecer qualquer item ao pet para quando você estiver ausente, verifique que ele não causará nenhum problema. Supervisione primeiro se o animal não se machuca nem engole partes muito grandes do objeto.

Outra dica é aproveitar os momentos em que o pet for se alimentar. Assim como nós, eles precisam se sentir úteis, então, fazê-los se esforçar para conseguir o alimento é uma excelente maneira de demonstrar isso. Você pode usar comedouros-brinquedos para colocar parte da ração, por exemplo. Ou distribuir petiscos pela casa para que os cães possam procurá-los.

VALORIZE O MOMENTO
Ainda com todos os estímulos dentro de casa, o cão necessita de interação e contato com o tutor. E mesmo quem passa boa parte do dia fora de casa precisa estar realmente focado no cachorro no período em que estiver interagindo com ele. Os animais têm capacidade de percepção e sabem quando estamos nos dedicando a eles integralmente. Essa é a melhor forma de compensar o tempo em que ficamos longe. É a qualidade e não a quantidade de tempo que passamos com nosso animal que vai determinar o bem-estar dele.

E mesmo com tudo isso, o pet ainda pode pedir sua atenção em um momento em que você não consiga dar. Quando isso ocorrer, a dica é ignorá-lo para que ele aprenda a distinguir as horas em que o tutor está disponível ou não.

Todo comportamento recompensado tende a aumentar e o que não é recompensado se extingue. Mesmo que o cachorro insista, você deve se manter sem dar atenção a ele, caso realmente não esteja disponível. A recomendação é válida especialmente para quem faz home office.

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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha (in memoriam), Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.

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