Seu gato também precisa de exercícios!

Por Alexandre Rossi – Dr Pet

Nas últimas décadas, a popularidade dos gatos como animais de estimação se consolidou e hoje os bichanos têm presença maciça em grande parte dos lares brasileiros, principalmente em áreas urbanas. Essa mudança também afetou o modo como esses felinos são criados. Se antigamente era costume eles viverem soltos e quase independentes dos tutors, hoje já se tem consciência de que, para mantê-los seguros e longe de perigos como doenças, atropelamentos e crueldades, é preciso evitar que tenham livre acesso à rua, fazendo uso de telas e grades.

RECUPERE OS INSTINTOS

Embora os especialistas concordem que essa providência é imprescindível, eles também apontam que, ao ficarem em pequenos ambientes, os bichanos perdem estímulos importantes que teriam na natureza, principalmente os relacionados à caça. E esse sedentarismo, a longo prazo, acaba acarretando problemas em sua saúde e qualidade de vida, claro.

Estima que mais de 60% dos gatos domésticos brasileiros estão com sobrepeso ou obesos, favorecendo o desenvolvimento de diabetes, lesões articulares e ligamentares, doenças respiratórias crônicas, hepáticas, doença do trato urinário e problemas dermatológicos, já que, com o excesso de peso, os felinos não conseguem fazer a auto-higienização. Além disso, o comportamento desses animais ainda pode mudar com a ociosidade, pois eles passam a dormir mais e se tornam mais pacatos do que seriam na natureza.

Gatos que apresentam peso 20% superior ao considerado normal já pode ser considerados obesos. Já a “barriguinha” protuberante e flácida é considerada como sinal de sobrepeso. As duas condições pedem que o animal comece a se exercitar o mais rápido possível! Mas o emagrecimento do felino deve ser acompanhado de perto por um veterinário, pois existe uma doença muito perigosa chamada lipidose hepática, que pode surgir quando o gato perde peso muito depressa.

ACADEMIA DE GATO

O estigma que os gatos têm de preguiçosos é algo recente, surgido na vida moderna, uma vez que são animais caçadores e naturalmente ativos. O fácil acesso à comida e a falta de estímulos de caça, além das longas horas que passam sozinhos, contribuem para eles virarem pets ociosos.

A boa notícia é que existem jeitos simples e divertidos de ajudar o pet a se manter ativo e no peso indicado, pois os exercícios físicos auxiliam no controle de peso dos animais. E o tutor pode ajudar com o estímulo das atividades, existem diversos brinquedos no mercado que eles adoram.

Alguns veterinários indicamcerca de 30 minutos de exercícios diários, associados a uma dieta balanceada. Mas esse tempo pode ser diminuído com o enriquecimento do ambiente, feito com prateleiras, arranhadores e túneis, que estimulam os gatos a se exercitarem. Outra dica é colocar o alimento no alto ou mesmo escondido em móveis para que os gatos precisem subir ou entrar para alcançar, além de usar itens com comida dentro.

LUGARES A ESCALAR 

Gatos gostam muito de explorar o ambiente, então, é fundamental oferecer lugares em que eles possam subir. Permitir que os gatos subam em determinados móveis, oferecer objetos que eles possam arranhar e alguns brinquedos interativos também são opções.

A verticalização do espaço é um dos principais pontos para exercitar os felinos. O tutor pode colocar a comida do pet espalhada em vários locais, como em prateleiras, em cima de móveis variados e em brinquedos que soltem a ração quando manejados. Outro exercício seria estimular uma corrida atrás de uma fita ou de um brinquedo que se movimente.

Os bichanos têm necessidade real de se exercitar, já que na rua eles poderiam subir em árvores, muros, caminhar e correr, mas deixá-los frequentar o lado de fora sem supervisão é muito perigoso. Para quem mora em apartamento, isso nem é possível. Assim, proporcionar atividades para que o gato não fique sedentário dentro de casa ou no apartamento é superimportante para mantê-lo saudável e ativo.

TREINO RÁPIDO

Falta de tempo não é desculpa para o felino ficar sem exercícios! Seguem algumas ideias rápidas de brincadeira:

Varinha

Utilize-a para estimular o gato a correr atrás do objeto. Se for possível, incentive o felino a subir e descer de móveis, prateleiras, fazendo um pequeno circuito de subidas e descidas.

Bolinha

Uma caixa pode virar um brinquedo interativo se unida a bolinhas. Na tampa, faça furinhos para depois colocar os itens dentro. Outra alternativa é uma simples caça às bolinhas, em que você deve jogá-las o mais longe possível, embaixo de móveis…

Laser

Quase todos têm um laser pointer, um tipo de “caneta” que conta com um laser. Uma lanterna também é válida. Basta que se aponte o laser para a parede, chão e teto, estimulando o bichano a persegui-lo. O tutor pode alternar entre movimentos lentos e rápidos.

Carrinho

Aquele carrinho a pilhas que está guardado no armário pode ser uma brincadeira interessante para os bichanos. Apresente o brinquedo aos poucos para o animal não se assustar e faça-o perseguir o carrinho. Você pode usar obstáculos no “percurso” para dificultar.

Bolhas

Com um canudo ou aro, faça bolinhas de sabão. Mas atenção: use na mistura produtos neutros e atóxicos, como xampus do próprio pet. Para aumentar o desafio, suba em uma cadeira e faça bolhas altas para o bichano precisar pular para estourá-las.

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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha (in memoriam), Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.