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Passeio tranquilo com dois cães (ou mais!)

Por Alexandre Rossi – Dr Pet 

Os cães atualmente são a preferência nacional quando o assunto é pet – tanto que muitos dividem o lar com mais de um. Morar com dois (ou mais!) cachorros, sem dúvida, multiplica as porções de amor e companheirismo, mas também de cuidados. Um dos principais desafios enfrentados pelos tutores de múltiplos cães é conduzir os passeios diários de forma eficiente e segura.

Mas, calma! Com algumas estratégias e treinos específicos, é possível transformar essa atividade em um momento agradável para todos. Passear com dois cães ao mesmo tempo não só economiza tempo, mas também promove a socialização e o exercício físico dos pets, contribuindo para uma convivência harmoniosa e saudável. Com a abordagem certa e começando dentro de casa, os desafios se transformam em oportunidades para fortalecer o vínculo com seus cães e garantir seu bem-estar.

TREINO ANTES DA RUA

Ensinar o pet a se comportar no passeio é como treinar uma pessoa para tirar carteira de motorista: você dá as primeiras aulas em lugares calmos para que ele esteja preparado ao que deve ser feito nas vias mais movimentadas. Começar a treinar o cão na rua é um erro comum. Existem distrações e o cão não consegue se concentrar. Então, comece em casa e com um de cada vez.

ESPERE A CALMARIA

O primeiro passo é fazer o cão associar o passeio a algo tranquilo. Por isso, antes de acostumá-lo a sair, só coloque a coleira quando ele estiver calmo. Os cães, especialmente os que não passeiam muito, costumam ficar bastante excitados quando percebem que vão dar uma volta. E a excitação aumenta quando eles têm um companheiro durante o trajeto. Passear com cães novos na família aumenta o entusiasmo do passeio e, com isso, eles se dispersam mais. Esse momento tende a ser mais tranquilo quando os dois já estão acostumados a caminhar sozinhos.

COSTUME DE USAR A COLEIRA

Outra dica para ajudar o pet a relaxar é deixá-lo brincando em casa vestido com a coleira. Brinque ou ofereça algo que ele goste, como um petisco. Desse modo, ele irá parar de prestar atenção no acessório e o associará a momentos agradáveis. Isso porque é necessário que o cão esteja habituado e confortável para utilizar o equipamento.

Depois, é hora de ensiná-lo a caminhar ao seu lado. Decida de qual lado você quer que ele ande (não tem tegra!) e repita o treino do modo desejado.

Quando estiver caminhando com o pet tranquilamente em casa, atente aos puxões na guia. Para que ele não se acostume com esse mau hábito, pare de caminhar todas as vezes que ele puxar. Assim que o cão fizer tensão na guia, o dono deve parar imediatamente, mas sem dar trancos. Quando ele parar de puxar e a guia estiver frouxa, traga-o novamente para o seu lado e continue.

Por fim, ensinar alguns comandos básicos, como “senta”, “deita” e “fica”, também ajuda no momento do passeio, já que favorecem o autocontrole (e podem ser acionados até em momentos de possíveis brigas entre eles ou com outro animal na rua).

Depois que os pets estiverem craques no treino caseiro, é o momento de partir para a rua – ainda com um de cada vez.

A ESCOLHA DA GUIA E DO LOCAL

Guias fixas de 1,5 a 2m são as mais indicadas para os dois peludos, pois as curtas ou retráteis estimulam os cachorros a puxá-las sempre. Quanto ao material, evite as feitas de corda ou corrente, pois tendem a machucar a mão, principalmente quando ocorrem puxões inesperados por parte do cão.

Uma opção é a guia conjunta, que consiste em uma única guia com duas ramificações finais (como um “Y”). Cada ramificação é presa na coleira de cada mascote e a porção única da guia fica na mão do condutor. Mas cabe frisar que esse equipamento não é indicado para todos os cachorros. A guia conjunta é indicada para cães que não puxam durante o passeio, já que não oferece controle individual sobre os pets.

Outro cuidado que o tutor precisa ter é escolher uma via pouco movimentada. Considere que, quanto mais estímulos, mais difícil será o cão se concentrar e realizar o exercício. Comece levando um por vez e repita os comandos de casa – e não se esqueça de recompensá-lo a cada acerto.

PASSEIO A TRÊS

O momento de reunir os animais acontecerá apenas depois de várias repetições com cada um passeando individualmente na rua, ou seja, quando você sentir que eles estão craques no autocontrole para se comportar impecavelmente na presença do companheiro peludo.

Há duas opções a escolher: é possível andar com um cachorro de cada lado – segurando uma guia em cada mão – ou com os dois de um lado só, dependendo de como foi feito o treino em casa ou da personalidade deles. Segurar uma guia em cada mão facilita a viagem e evita que um mascote fique ultrapassando o outro. Assim, cada um deve andar de um lado. Essa conduta também auxiliará caso os cachorros sejam de tamanhos diferentes e irá prevenir que as guias enrolem uma na outra.

Caso as guias se enrolem, o tutor deve parar em um local seguro para desenrolá-las e manter o controle sobre os cachorros. Pra isso, leve os pets a um lugar mais tranquilo, sem muitos estímulos e peça os comandos ‘senta’ e ‘fica’ para desenrolar as guias.

ALERTA VERMELHO

Para evitar brigas, os pets precisam estar bem socializados entre si. Se convivem em harmonia em casa, é difícil que se desentendam na rua, mas, caso isso aconteça, separe-os pelas guias. E evite tentar apartar a briga segurando-os diretamente.

A regra é válida para que você não leve mordidas e deve ser aplicada para separar brigas entre os seus pets e outros que possam cruzar o caminho. Na hora, não tem o que fazer além de evitar que eles se machuquem, separando-os. O ideal é a prevenção para impedir que situações assim aconteçam. Além do treino prévio entre os seus peludos, atente aos cães da rua. Se você estiver andando e vir um cão sem coleira ou agressivo, atravesse a rua, desvie a rota.

PARTE DA ROTINA

A quantidade e a duração dos passeios dependem do porte e da disposição de cada um deles. Caso você abrigue dois cães de tamanhos muito diferentes, pode ser necessário caminhar mais vezes ao longo do dia somente com um deles. Uma boa duração para uma caminhada é de 30 minutos e uma hora, dependendo do porte, idade e condições físicas do pet

Além disso, os passeios devem ser realizados antes das 10h e após as 16h, para proteger o cão do sol intenso. E jamais logo após as refeições, para evitar torções gástricas.

Por fim, evite deixar esse pedaço essencial da rotina dos peludos de fora, pois a carência de passeios pode acarretar problemas de saúde e comportamento para eles – e muita dor de cabeça para você! Além da dificuldade na socialização, a falta de saídas facilita o surgimento de problemas comportamentais e psicogênicos (quando o fator psicológico se manifesta de forma física), como infecções na pele por lambedura. A outra perda é no aspecto da saúde física. A falta de passeios pode levar o pet à obesidade e, com isso, doenças secundárias trazidas por ela.

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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha (in memoriam), Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.

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