O petisco ideal para educar o seu cão

O seu pet sabe algum comando? Ele te obedece? Vem quando você chama? E para ensinar tudo isso, você usa petiscos?

Faço essas perguntas porque, para quem não sabe, os petiscos são uma das principais ferramentas do Adestramento Inteligente, a metodologia que criei, registrei num livro em 1998 e uso em todos os meus treinos. É também o método que os educadores pet da Cão Cidadão usam com os alunos.

A minha metodologia é baseada em reforço positivo, ou seja, recompensar os comportamentos corretos para os pets passarem a repeti-los. E para isso, usamos muito os petiscos, pois eles atraem naturalmente o interesse da maioria dos cães.

Já foi comprovado cientificamente em inúmeros estudos que os cães e outros animais aprendem muito mais rápido e de forma mais eficiente quando são recompensados, além de ser muito mais prazeroso para eles.

Mas, não basta pegar qualquer petisco e dar de qualquer jeito para o seu pet. É preciso escolher o petisco certo, usar da forma certa e nos momentos certos e ainda tomar cuidado para não prejudicar a saúde do seu animal. É sobre isso que vou falar a seguir.

Existe um petisco mágico para educar os pets?

Dr Pet, qual petisco você usa nos treinos? Essa é uma das perguntas que mais recebo, principalmente quando posto vídeos da Estopinha, porque ela é muito boa em comandos! Sinto decepcionar vocês, mas a verdade é que não existe um petisco mágico que faz o pet te obedecer, nem um que agrade a todos os cães e em todas as situações. 

Os animais têm preferências e necessidades individuais, e o que funciona para um, pode não funcionar para outro. Alguns pets preferem petiscos estilo bifinho, enquanto outros preferem petiscos mais duros e crocantes. O segredo mesmo é testar!

Eu explico: a recompensa no treino deve ser aquilo que o pet mais valoriza, mais quer naquele momento. Não existe um petisco mágico, existe a motivação certa! 

Então quero propor um teste! Pegue 2 ou 3 tipos de petiscos diferentes e peça para o seu cão fazer algo que ele já saiba fazer, recompensando com uma dessas coisas. Você vai perceber o que ele mais gosta quando ele ficar mais interessado em te obedecer. E aí, é só começar a usar esse petisco nos próximos treinos!

Escolha o petisco certo para cada situação

Além da preferência individual do pet, na hora de escolher, é importante também levar em consideração a situação em que você precisa que ele te obedeça.

Um exemplo: um cão que late para outros cães no passeio. Uma das estratégias de treino que indico é atrair o pet com algo gostoso antes que ele lata. Mas, o tutor costuma levar para o passeio uma banana ou uma cenoura e não entende por que não funciona, já que o cachorro adora aqueles alimentos em casa. 

Vamos pensar comigo: lembra que eu falei que a recompensa é o que o pet mais valoriza no momento? Latir e “defender” o tutor é muito recompensador para o animal, pois é um instinto natural muito forte. Comer também, é claro. Mas entre uma fruta ou legume que ele ganha sempre em casa, com certeza ele vai preferir latir.

Então, nesse caso, o que mais costuma funcionar é algo mais atrativo, como um pedaço de carne grelhada ou frango desfiado. Com alguns cães mais famintos, um petisco estilo bifinho bem cheiroso pode funcionar também. É questão de teste!

Outra situação: quando o pet pula nas visitas. Para lidar com a situação, eu indico pedir para o animal sentar logo na entrada e recompensar. Mas, para que isso funcione, é preciso repetir em todas as chegadas, ou seja, o petisco precisa estar sempre à mão. E aí, uma solução é deixar um pote com petiscos perto da porta.

Nesse caso, é importante que o alimento não estrague facilmente e possa ser cortado em pequenos pedaços. Aqui, a própria ração pode funcionar bem, assim como petiscos industrializados.

Cuidado para não desbalancear a dieta do peludo

Uma dúvida muito comum que surge sobre os petiscos é sobre como usá-los sem prejudicar a saúde dos pets ou causar aumento de peso e até obesidade.

Essa é uma questão muito importante, e eu garanto: para ter um cão bem-educado, não é preciso desbalancear a dieta dele. Aqui em casa, todos os bichos são adestrados, comem petiscos e fazem vários comandos (incluindo a Miah), e nenhum deles está acima do peso ou com a saúde afetada.

Para isso, o segredo é seguir essa importante diretriz nutricional: todos os alimentos além da ração (ou da alimentação natural indicada por um profissional) só podem representar até 10% das calorias diárias que o animal pode consumir. Muitos petiscos indicam na embalagem a quantidade a ser dada de acordo com o peso do animal levando em conta esse cálculo, por exemplo. Mas para garantir, consulte o veterinário!

Outra estratégia para não deixar o pet acima do peso é usar a sua própria alimentação nos treinos dentro de casa, principalmente em comandos que ele já aprendeu. Deixe os outros alimentos para ensinar novos comportamentos ou usar em situações difíceis, como quando for deixar o animal sozinho em casa.

Por fim, evite dar petiscos “de graça”. Prefira sempre oferecer para reforçar um comportamento bacana ou dentro de itens de enriquecimento ambiental, como comedouros-brinquedo.

__________________________________________________________________________

Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha, Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.