Por Alexandre Rossi – Dr Pet
Eles podem parecer durões, distantes e com instinto de caçador à flor da pele, mas quem disse que os gatos não podem ser dóceis, gentis e participar ativamente da rotina da família? A Miah, minha gatinha, é um doce, sempre pede carinho, convive muito bem com os cães e mesmo em meio ao caos que fica a minha casa em dias de gravação, ela faz questão de estar por perto e ter destaque. A gente brinca que ela não pode ver uma câmera que ela já se posiciona exatamente na frente!
E ela não precisa ser a exceção! Existem várias formas de estimular um gato a ser mais sociável e encarar as situações com menos estresse, e o caminho é começar isso desde a fase de filhote.
COMO COMEÇAR
A interação com outros animais e pessoas nos primeiros meses do bichano é fator primordial para estabelecer uma vida social quando adulto. É na fase de adaptação que o gato está conhecendo e se acostumando às novidades. Se o filhote estiver em uma casa com crianças, por exemplo, o ideal é que seja manuseado com cuidado desde cedo por elas. Assim, ele vai se adaptar de uma forma muito mais tranquila. Isso também é válido para os cães. Quanto mais cedo o gato tiver contato com o cão, melhor eles irão conviver.
O gato aprende a conviver com pessoas durante os seus primeiros 4 meses de vida, sendo o período mais importante entre 5 a 9 semanas de idade, que é quando ele está desenvolvendo suas reações emocionais. Dessa forma, se tiver experiências negativas com humanos nesse período, a socialização pode ficar comprometida.
Brincadeiras e manuseio agressivo ou a falta de interações positivas durante a socialização podem resultar em um gato hostil e “selvagem” ou um gato tímido e nervoso na presença de humanos. Portanto, o contato e o carinho são fundamentais.
Se falarmos agressivamente com um filhote, ele não reagirá da mesma forma que se usarmos um tom de voz suave e carinhoso. Gatos são animais muito sensíveis e percebem essa diferença.
Permita que o filhote vivencie muitas experiências diferentes envolvendo familiares e amigos, além de outros pets. O processo deve acontecer sempre de forma positiva, com carinho e petiscos ou sachê. Tudo com muita calma e cuidado, para fazer com que ele se acostume facilmente a essas novidades.
CARINHO NA HORA CERTA
Para ter um gatinho mais companheiro é preciso, claro, oferecer algum reforço. Estimular o filhote por meio de brincadeiras, pegá-lo no colo, acariciá-lo e deixá-lo dormir próximo a você, tudo isso aproxima o gato do ser humano. Muitos gostam de ser escovados e associam esse momento de forma positiva, sendo também uma maneira de trocar carinho.
Estudos mostram que há liberação de ocitocina quando oferecemos carinho aos gatos. Esse hormônio age como um “hormônio da felicidade” e pode ajudar a aproximar ainda mais vocês.
AS APRESENTAÇÕES
Essa etapa requer calma, paciência e certa frequência. Apresente o seu gato de forma gradual, divertida e agradável às pessoas. Procure brincar e alimentá-lo enquanto estiver recebendo os amigos, e evite qualquer desconforto ou susto durante essa intenção.
Um exemplo de socialização entre filhotes e crianças é fazer com que estas ofereçam um pouco de comida ao animal, enquanto conversam e brincam com ele. Tudo deve ser feito de forma gradual e gentil. Não o obrigue a enfrentar o que ele teme. Gatos aprendem em qualquer idade, mas é preciso ir com cuidado, para não assustar e intensificar o medo.
COMUNICAÇÃO VERBAL
Falar com o seu bichano é uma ótima comunicação, independentemente da idade dele. Isso porque é preciso que ele relacione a presença de outro membro da família – seja da mesma espécie ou de outra, como os humanos – com algo agradável, além de rotineiro. Um ótimo jeito de colocar isso em prática é o tutor conversar com o felino enquanto ele está se alimentando, assim, o animal pode associar positivamente aquela voz com a comida.
RELAÇÃO COM OUTRO PET
Acostumá-lo ao cheiro dos outros animais da casa é um passo essencial, já que a linguagem “odorífera” é muito importante para eles. Assim, você pode colocar um pano com o cheiro do pet mais antigo em um local que o gato acessa, como embaixo de sua cama. Faça também o processo inverso. Mas é aconselhado ficar de olho no nível de estresse dos pets. Só é conveniente soltá-los no mesmo ambiente quando todos estiverem parecendo confortáveis.
AMBIENTE INTERATIVO
Podemos fazer várias mudanças internas (e simples!) no ambiente para ajudar o filhote a se tornar um animal adulto afetuoso, incluindo proporcionar a ele uma área de lazer bem bacana. O enriquecimento ambiental pode ser feito com brinquedos (comprados ou feitos em casa), arranhadores, uma estante para ele subir e escalar, além de itens suspensos, como varinhas. Isso certamente vai causar uma enorme desenvoltura ao bichano.
As brincadeiras também devem ser introduzidas e incentivadas até que o gato da casa perca o medo e passe a ficar curioso para conhecer novos ambientes, objetos, pessoas, cômodos ou até mesmo um novo amigo da mesma espécie. Petiscos podem ser usados para que eles se aproximem e entendam que essa proximidade lhes dá alguma vantagem. Brincar é muito importante, afinal, essa é a fase do desenvolvimento e do aprendizado, que vai impactar na vida adulta. Outra dica que eles adoram é caixa de papelão. Você pode amarrar algum brinquedo dentro dela para que fique pendurado.
FILHOTES ARREDIOS
Mesmo que o pequeno bigodudo mostre um temperamento agressivo ou medroso, ainda assim ele tem chances de se tornar um adulto mais dócil, acredite. Em muitos caso, conseguimos socializá-los com carinho e manipulação frequentes na fase adequada da socialização, tornando o contato com humanos positivo para esse filhote. Apenas cerca de 15% dos gatos não respondem à socialização e se revelam pouco sociáveis e carinhosos com humanos.
SAIDINHA PARA RELAXAR
Depois do protocolo vacinal estar completo, levar o seu filhote para dar uma volta com guia e coleira também contribui para que seja um adulto bem ativo. O gato que passeia costuma ficar mais sociável, mais tranquilo, se exercitar amis e a grande vantagem é que ele aceita melhor as idas ao veterinário, tornando esse momento menos estressante.
Vale lembrar que, se seu bichano passear por telhados ou tiver livre acesso à rua, além do risco de transmissão e infecção de doenças sérias e todos os perigos das cidades, como atropelamentos, crescerá menos sociável com humanos e mais territorialista com seu ambiente.
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha (in memoriam), Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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