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Harmonia no lar: estratégias simples para cães e aves conviverem bem

Por Alexandre Rossi – Dr Pet

É cada vez mais comum casas com mais de uma espécie de animal. E não estamos falando apenas de cães e gatos, mas também de coelhos, chinchilas, jabutis e até mesmo aves. Embora seja um grande sonho um ambiente harmônico entre todos os bichos, sabemos que na prática, nem sempre a convivência é das mais amigáveis. Por isso, hoje eu vou falar especificamente sobre como podemos treinar os cachorros para aceitarem melhor os pássaros, como cacatuas, calopsitas e papagaios.

A primeira coisa que precisamos saber é que muitos cães enxergam as aves como presas em potencial, principalmente aqueles das raças caçadoras, como os Retrievers, Spaniels e Terriers. Então, a não ser que os dois tenham sido criados juntos desde filhotes, nem sempre o cachorro vai deixar o irmão de penas em paz mesmo depois de treiná-lo. Mas isso não significa que seja impossível! Apenas que é necessário uma boa dose de paciência e dedicação.

Segurança acima de tudo

A segurança é fundamental ao introduzir uma convivência entre cães e aves, dada a natureza instintiva de muitos cães, especialmente aqueles com histórico de raças caçadoras.

Independentemente de quem chegou primeiro, a ave deve ser protegida em uma gaiola adequada sempre que o cachorro tiver acesso ao local onde ela fica. Evitar acidentes é fundamental!

Além disso, se possível, é aconselhável evitar que o cão se aproxime do viveiro para não estressar ambos os animais. Mesmo que a intenção seja promover uma convivência pacífica, a simples presença do cão próximo ao espaço da ave pode gerar estresse, tanto para o pássaro quanto para o próprio cão. Essa precaução deve ser mantida durante todo o processo de socialização para não só prevenir acidentes indesejados, mas também oferecer um ambiente controlado para que os animais se acostumem gradualmente à presença um do outro.

Acostumando o cão de longe
É importante que o cachorro seja habituado aos estímulos da ave aos poucos, começando por introduzir elementos que associam positivamente a presença da ave, promovendo uma aceitação mais tranquila.

É importante que o cachorro se acostume com a presença da ave aos poucos. Uma maneira legal de fazer isso é deixar o cachorro ouvir sons de pássaros na internet. Outra ideia legal é dar brinquedos para o cachorro que se pareçam com pássaros, com penas e movimento. Sempre que o cachorro interagir com esses sons e brinquedos, dê petiscos e carinho para mostrar que é algo bom.

Também é interessante fazer o cachorro sentir o cheiro da ave. Pegue um paninho, passe no pássaro e coloque perto da comida do cachorro. Isso ajuda o cachorro a se acostumar com o cheiro do novo amigo.

Além disso, é importante treinar o cachorro para obedecer a comandos básicos como “senta”, “deita”, “fica”, “não”, “vem” e “devagar”. Isso cria uma base sólida de obediência e dá mais controle ao tutor nas interações entre o cachorro e a ave.

A aproximação

Depois que o cachorro aprendeu bem os comandos e se acostumou com os estímulos da ave, chegou a hora de aproximá-lo do novo amigo. Com o cão preso na coleira e guia, inicialmente do outro lado da sala, peça para ele fazer os comandos que aprendeu, como “senta” e “fica”, para ver se ele presta atenção em você. Vá se aproximando aos poucos, e toda vez que ele fizer certo, dê um petisco para ele. Esse processo pode levar algumas semanas, mas é importante ter paciência.

Se o cachorro estiver se saindo bem, ainda preso na guia, você pode tentar abrir a gaiola da ave para ver como eles reagem um ao outro. Em outros momentos do dia, ainda com o cachorro preso, ofereça um brinquedo ou ossinho e faça atividades normais da casa. O objetivo é mostrar ao cachorro que a ave faz parte da casa e que ele não precisa se preocupar com ela.

Assim, ao aproximarmos o cachorro da ave de maneira gradual, usando comandos que ele aprendeu e recompensando com petiscos, criamos um ambiente onde os dois podem conviver de forma amigável. Isso ajuda o cachorro a entender que a ave é parte da família e não é algo para se preocupar.

Por fim, o momento certo de soltar ambos os animais no mesmo espaço talvez nunca aconteça, tudo vai depender de como eles se comportarem durante esses treinos. Mas ainda assim, todas as estratégias vão garantir que eles fiquem bem menos estressados e possam ter qualidade de vida.

Não deixe de contar com a ajuda de um adestrador da minha equipe, a Cão Cidadão, para evitar acidentes e aprender a melhor forma de socializar os animais!

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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha (in memoriam), Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.

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