Por Alexandre Rossi – Dr Pet
Aposto que você já ouviu alguém dizer que “cães têm medo de fogos porque o som machuca o ouvido deles”, certo? Esse tema é amplamente divulgado pela imprensa, principalmente em eventos que costumam estimular as comemorações barulhentas e os sons que incomodam os cachorros, como o fim de ano.
Existem até vídeos que mostram pessoas com fones de ouvido escutando os sons de fogos da forma como os cães supostamente ouvem, parecendo machucar os ouvidos. Eles são bem emocionantes, mas sinto dizer que isso é um mito!
Calma, isso não quer dizer que eles não sofrem ao ouvir os fogos ou que não há barulho que o cachorro não gosta de ouvir. Grande parte dos cães sofre, e muito! Porém, não é porque os ouvidos doem, mas porque o instinto deles indica que estão em perigo. Vou explicar melhor.
Para começar, é importante entender que, de forma geral, a audição dos cães é melhor que a dos humanos. Contudo, não quando falamos de todos os tipos de frequência.
Os cães conseguem ouvir muito melhor os sons agudos. Eles possuem alta frequência, com mais de 2000 Hz. Como exemplo, temos o choro dos bebês, o chilreio dos pássaros e os apitos. Chamados de ultrassom, os sons acima de 20.000 Hz não são ouvidos pelos humanos, mas os cachorros escutam até 65 mil Hz.
Quanto aos sons de faixas intermediárias, entre 200 Hz e 2000 Hz, eles ouvem quase exatamente como nós. Nessa frequência, estão a fala humana (feminina e masculina) e a maioria dos instrumentos musicais, como o violão e o saxofone.
Por incrível que pareça, os ouvidos humanos são mais sensíveis do que os deles para sons mais graves, de baixa frequência, entre 20 e 200 Hz, como o de tempestades, ventiladores e ar condicionado. Porém, quanto mais próximo do 0, menor a possibilidade de ambas as espécies conseguirem ouvir.
Então, por que há sons que incomodam os cachorros, como os de fogos de artifício? Agora, vamos pensar nesses tipos de barulhos e tentar entender o que eles fazem com os peludos.
Como comentei, as tempestades têm frequência baixa. Assim, elas não são ouvidas tão bem pelos cães. Já os fogos têm variações: os “foguetes” são mais agudos (e costumam atrair mais a atenção dos cachorros), enquanto os rojões são mais graves.
Assim, esse tipo de som mais grave não machuca os ouvidos dos cachorros, até porque ele não é escutado de forma muito diferente de como ouvimos. Para eles, isso é alto, claro, mas não tanto como pensamos. Ainda assim, esse é um barulho que incomoda o cachorro!
Porém, como explicar os outros sons que incomodam os cachorros, além do verdadeiro pavor que eles sentem desses barulhos? Instinto de sobrevivência! Na natureza, sons e vibrações altas costumam indicar algum tipo de perigo real. Assim, a reação natural dos animais costuma ser fugir e se esconder.
Junte o som que cachorro não gosta ao fato de ele não entender a origem dos fogos e a reação dos próprios tutores, que ficam apavorados por empatia. Isso cria um prato cheio para um verdadeiro desespero.
O medo de fogos, tempestades e outros sons altos pode causar acidentes graves, já que os animais tentam fugir e podem ser atropelados, por exemplo. Eles também podem se esconder em locais perigosos.
Além disso, o pânico causado pelo barulho que cachorro não gosta de ouvir faz com que o corpo entre em situação de estresse, o que pode trazer sérios riscos à saúde, principalmente se for algo recorrente.
Então, como não controlamos os fogos ou as tempestades, é essencial que esse medo seja tratado! Infelizmente, na minha experiência, foram raros os casos que vi de cães que lidavam bem com fogos sem terem sido treinados para isso.
Via de regra, os cachorros precisam ser ensinados a associar esses sons com estímulos positivos, como petiscos e brincadeiras, de preferência enquanto ainda estão na fase de socialização, que vai até os 100 dias de vida.
Nestes artigos, você pode conferir as principais orientações sobre como reduzir o medo de sons que incomodam os cachorros e dar mais qualidade de vida ao seu pet. Boa sorte!
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha, Barthô e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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