Por Alexandre Rossi – Dr Pet
Quem convive com gatos sabe o quanto eles podem ser discretos, silenciosos e rápidos. Às vezes, quando a gente percebe, já escaparam por uma porta entreaberta ou se esgueiraram por uma fresta. Não à toa, muitos querem saber como fazer para o gato não fugir.
Afinal, essas saídas podem representar um grande risco! Fora de casa, os gatos estão expostos a atropelamentos, brigas com outros animais, doenças, envenenamento, entre muitos outros perigos.
Mais do que isso, a fuga pode acontecer de forma inesperada, mesmo quando o tutor acredita que o ambiente está seguro. Por isso, entender os motivos que levam os gatos a fugir — e o que fazer para evitar que isso aconteça — é essencial para garantir a segurança dos nossos bichanos.
Em vez de pensar que o gato está fugindo porque não gosta da casa ou dos tutores, o mais provável é que ele só esteja querendo explorar o mundo lá fora. Os felinos têm esse lado curioso, e qualquer coisinha diferente — um cheiro novo, um barulho, outro bicho passando — já pode ser o suficiente pra despertar a vontade de sair.
Mudanças de ambiente são outro fator importante. Quando a família se muda para uma casa nova, por exemplo, o gato pode tentar voltar ao território anterior. Já em situações de estresse, como visitas constantes, festas ou barulhos intensos, ele pode buscar uma rota de escape para um local que pareça mais seguro.
Alguns gatos, principalmente os que não são castrados, também podem sair atrás de parceiros ou pra marcar território. A castração ajuda a diminuir esse tipo de impulso, mas sozinha não resolve tudo.
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Uma das maneiras mais eficazes de evitar fugas é garantir que o gato se sinta plenamente confortável dentro de casa. Isso passa tanto pela segurança física quanto pela qualidade do ambiente em que ele vive. Um lar que oferece estímulos, refúgios tranquilos e liberdade para expressar comportamentos naturais reduz muito a vontade de sair.
É o que a gente faz aqui em casa com a Miah, nossa gatinha. Ela adora observar tudo de cima, então montamos prateleiras e passagens em pontos altos, onde ela pode circular livremente. Também deixamos caixas de papelão, brinquedos com petiscos e até matinhos próprios para gatos — que ela adora mastigar. Esses pequenos recursos fazem uma grande diferença para manter o interesse dela dentro do ambiente familiar.
Outro cuidado importante é manter os locais de segurança do gato preservados. Às vezes, sem querer, o tutor leva visitas para “ver o gato” justamente no cantinho onde ele se esconde e relaxa. Isso pode fazer com que o espaço deixe de transmitir segurança. Quando o gato perde esses refúgios, a casa se torna mais imprevisível — e a fuga pode se tornar uma alternativa.
Além de tornar o ambiente interno interessante, é fundamental pensar em contenções físicas. Para quem mora em apartamento, a instalação de telas nas janelas é indispensável. Mesmo em andares altos, acidentes acontecem: o gato pode tentar pular atrás de um passarinho ou escorregar ao tentar explorar a varanda.
Em casas com quintal, existem ainda mais opções. Algumas barreiras com inclinação negativa no topo dos muros dificultam bastante a escalada. Superfícies lisas em árvores ou cercas, rolos giratórios ou tapetes com texturas desconfortáveis também podem ser aliados.
Aqui em casa tivemos uma situação que serve de alerta: um saruê entrou no quintal e roeu um pedaço da tela. Aquela brecha poderia ter sido a rota de fuga da Miah se não fosse descoberta a tempo. Esse episódio mostrou que mesmo com todos os cuidados, falhas podem acontecer — e reforçou a importância de checar periodicamente todas as estruturas de contenção.
Mesmo com todos os cuidados, a possibilidade de um escape sempre existe. Por isso, é essencial garantir que o gato tenha formas de identificação. Uma coleira com plaquinha contendo o número de telefone do tutor já ajuda bastante. No entanto, como as coleiras podem se soltar, o microchip é uma opção mais segura e permanente. Ele permite que qualquer clínica veterinária identifique rapidamente o tutor do animal encontrado.
Além disso, vale investir em medidas que ajudem na localização. Existem rastreadores leves, próprios para gatos, que podem ser presos à coleira. Alguns emitem sinais sonoros, outros mostram a localização em tempo real. Já usamos esse recurso com a Miah para confirmar que ela estava apenas escondida no armário — sem precisar sair procurando pela vizinhança.
Treinar o gato para responder ao chamado também pode ser útil. Com petiscos muito atrativos e reforço positivo, é possível ensinar o gato a vir quando escuta um assovio ou determinada palavra. Isso não é garantido, claro, mas pode ajudar bastante em situações emergenciais.
Se, mesmo com tudo isso, o gato escapar, o mais importante é manter a calma. Correr atrás dele ou fazer muito barulho pode assustá-lo ainda mais. O ideal é tentar atraí-lo com algo que ele goste, chamando suavemente e se abaixando para parecer menos ameaçador. Em vez de sair desesperado, peça ajuda para que outras pessoas bloqueiem rotas de fuga, especialmente em direção à rua.
Na hora de resgatar, se o gato estiver com medo ou agressivo, o uso de uma toalha ou fronha pode ajudar a contê-lo com segurança. Assim, evitamos machucados tanto para o tutor quanto para o animal, e conseguimos levá-lo com mais tranquilidade de volta para um local seguro.
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha e Barthô (in memoriam), Bruno e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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