A interação homem-cão não se limita a dar alguns comandos, como “fica” ou “dá a patinha”. Pergunte a qualquer tutor de cachorro e ele dirá que já teve longas e sérias conversas com o pet. Se você é desse tipo, chegou a hora de descobrir de fato, como falar com seu cachorro e o que a ciência diz sobre isso.
Não há dúvidas de que os cães são capazes de identificar comandos e palavras, tanto é que atendem quando os chamamos pelo nome. Antes, acreditava-se que a linguagem de cachorro correspondia apenas de nossos gestos e entonação. Hoje, porém, a ciência avalia que o entendimento deles vai muito além desses aspectos.
Nós sabemos que eles são extremamente inteligentes e que se comunicam conosco por meio da linguagem corporal dos cachorros. No entanto, nem sempre é possível saber qual a melhor forma de fazermos nossos amiguinhos nos compreender.
Um estudo realizado na Universidade de Lórand, em Budapeste, e publicado na revista Science, sugere que os pets são capazes de decifrar não só a entonação, mas também as próprias palavras.
Durante a pesquisa, os cães foram colocados em um aparelho de ressonância magnética e expostos a diversos estímulos auditivos: os tutores diziam palavras que os animais ouviam na rotina deles, com várias entonações.
Para a surpresa da comunidade científica, os cães foram capazes de reconhecer as palavras como elogiosas, neutras ou negativas, independentemente da entonação. E, o que é mais revelador: fizeram isso utilizando o lado esquerdo do cérebro, o mesmo usado por nós na interpretação da linguagem.
Isso significa que, como nós, os cães são capazes de decifrar o vocabulário de forma separada da entonação, mas também de combinar as duas coisas, a fim de compreender o significado do que se quer dizer. Cachorros são realmente fascinantes, não é mesmo?
O fato de cachorros serem capazes de entender algumas palavras não significa que a entonação não seja importante. “Estudos das últimas duas décadas comprovam que falar de maneira mais aguda faz com que o pet preste mais atenção nos comandos, facilitando o adestramento”, diz a Dra. Juliana Sanz, médica-veterinária da Petz.
A boa notícia é que é bem provável que você já faça isso naturalmente, já que não é tão difícil como entender os cães. Esses bichinhos especiais sempre dão um jeito de expressar o que estão sentindo e se entenderam ou não os nossos chamados.
De acordo com as pesquisas, ao falar com um cachorro nós utilizamos instintivamente a chamada “linguagem dirigida aos cães”. Construída com frases mais curtas e simples, ela é semelhante à linguagem que os adultos usam ao falar com as crianças. No entanto, o tom de voz empregado é ainda mais agudo, o que, como dito anteriormente, facilita a compreensão canina.
O volume da fala, segundo a Dra. Juliana, deve ser um pouco mais alto. “Ele deve ser o mesmo utilizado com crianças ou com pessoas adultas quando não temos certeza se elas estão nos entendendo”, explica.
Mas não exagere: apesar de entenderem expressões como “vamos passear”, os cães não acompanham tudo o que a gente fala. Na verdade, apesar de superar o que se acreditava, a compreensão canina é bastante limitada diante da complexidade da linguagem humana.
Portanto, se o pet fizer algo de errado, a melhor forma de ensinar cachorro não é punindo o pet” com lições de moral ou chantagens emocionais. Ele não vai entender que o lugar certo de fazer xixi é no tapete higiênico ou que você fica muito triste quando ele molha sua cama só porque você falou isso por horas ou aos berros.
Ao contrário, falar de maneira agressiva com o cachorro ou com tom de voz muito elevado só vai fazer com que o cachorro se sinta ansioso e com medo, o que é prejudicial para o bem-estar dele.
Nesse sentido, a equipe de médicos-veterinários da Petz sempre enfatiza aos tutores que a melhor forma de comunicar ao cachorro o que se espera dele é com persistência, consistência nas regras e reforço positivo.
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